quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"O MUNDO NÃO É, O MUNDO ESTÁ SENDO." (Paulo Freire)




         
 “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”
(Paulo Freire).

Humberto Gessinger (compositor e vocalista da banda Engenheiros do Hawai) nos traz nessa música, como vivemos, em um mundo como a de Dom Quixote.  O sistema que vivemos (capitalista) sua competitividade, o trabalho. Inicia-se sua música "Muito prazer meu nome é otário, peixe fora d' água",nós pedagogos, somo a poucas pessoas que acredita em um mundo modificado, um “ótario” para olhos de muitos na sociedade. Procede a música - " Um prazer cada vez mais raro, "às" de espada fora do baralho"- ou seja,  pessoas com uma leitura de mundo diferenciada. Enxergamos a problemática do mundo e temos como "amor às causas perdidas". Muitas pessoas já abriram mão, deixaram de lado, esquecendo-se de SER e ESTAR. Ter esperança e acreditar na mudança.
Os conteúdos disciplinares são necessários, mas temos que observar refletir, analisar, o que vivemos, e o que estamos vivendo. O ontem, o hoje e o amanhã. O que vamos ensinar de fato para a geração futura? Vamos ficar apenas depositante de conteúdos? Elie Ghanem em seu texto educação formal e não formal, nos relata:

“A escola continua preocupada estritamente com os chamados “conteúdos” – e indisposta a criticar e responder aos problemas que envolvem conflitos, tantos os de grande amplitude quanto os do microcosmo escolar”.

       
Temos estudado na aula de Educação formal com a docente Cristiane Gandolfi a refletir o que Elie Ghanem traz em seu texto. Temos que mudar com que a escola mais se preocupa. A relação de educação formal, informal e não formal pode ser descrita como uma dinâmica, uma ligação, com vantagens e desvantagens entre elas.
A educação formal (processo de escolarização, organizado em objetivos, baseado em conteúdos e meios dirigidos a esses objetivos.) e não formal (organizações políticas, profissionais, científicas, culturais, etc). Uma não se complementa sem a outra, porém deve ser vista pela escola, o que não ocorre, são individualizadas não tendo conexão entre si.
 A escola ela deve ser uma janela aberta para os conflitos sociais, o que ocorre na sociedade e na realidade e dos alunos em processo de escolarização.

 “A escola tem de se abrir à sociedade e para seus problemas, não se proteger no nobre objetivo dos conteúdos instrutivos.” [...] A escola não terá grande vigor nem será satisfatória se não se superar esse modelo da escola como organização especializada em outorgar saberes [...] A escola segue funcionando intensiva e maciçamente. Não cede terreno ao não formal, ao menos de forma muito notória [...]”


A educação formal, informal e não formal está presente no sujeito histórico do professor e não há possibilidade de separação. “O professor é a PESSOA, e uma PARTE IMPORTANTE da pessoa é o professor”, o mesmo com os alunos, uma parte importante (sua história de vida) dar-se já a formação de um cidadão que faz parte de uma realidade do seu convívio de uma sociedade.  A escola deve  se abrir a sociedade e refletir sobre o nosso cotidiano e se perguntar pelo futuro, permitir que o aluno construa a as própria percepção do mundo.
“Note-se que, na educação escolar, meios, atividades e mesmo objetivos tem vínculos puramente artificiais. Sistema educacional, na prática, é considerado apenas um conjunto de sistemas escolares, reduzidos a órgãos administrativos e estabelecimentos de prestação direta de educação básica publica [...] O caráter formal da educação decorre essencialmente de um conjunto de mecanismos de certificação que formaliza a seleção (e a exclusão) de pessoas diante de um mercado de profissões estabelecido [...]”

A educação não formal pode-se considerar pessoas excluídas dessa seleção que formaliza a educação formal, que muitas vezes acabam aderindo a ong’s, onde a exigência de certificações acadêmicas é menos solicitada. Qual o preparo de vida que a escola tem formado? O preparo para a vida é apenas no processo de escolarização?
O que vemos é  o impulso da urbanização. A escolarização e os diplomas ganharam maior importância, exigida pela sociedade capitalista, não nos deixando pensar, querendo nos cegar, qual será literalmente a lógica do sistema?
A escola deve deixar de ter seu eixo norteador nos conteúdos, e se preocupar em interligar os modelos de educação não havendo desencontros entre elas. Deve se diferenciar e levar para sala, fatos concretos, “realidades concretas em que vivem os sujeitos”.

“A aula é, em suma um espaço adequado para falar dos conflitos sociais, da televisão, da violência, do uso das drogas, das tribos urbanas e dos comportamentos no esporte e escolar [...] Não tratar estes problemas, não introduzir o estudo do conflito social entre os conteúdos escolares pode ser um erro.”

 Nós, professores, temos que aprender e reaprender com as crianças e/ou com os alunos do EJA, ensinar, ouvir, respeitar e refletir no conhecimento (leitura) de experiência que cada um já possui, e ampliar essas reflexões, para um futuro diferente do que vivemos hoje. Garantir a mobilidade à agilidade do aluno, ver o aluno como uma PESSOA (afetividade, suas percepções, sua expressão, seus sentidos, sua critica, etc). Educação deveria ser um campo educacional em conjunto, não só o que se costuma considerar política educacional, mas todas as políticas econômicas e sociais que tem que ver com condições de ensino e de aprendizagem. (Ghanem).
Não podemos ser cegos aos fatos e ao sistema. "O mundo está sendo" ele não precisa ser assim, ele pode mudar, e temos a chave na mão se quisermos abrir a porta de pessoas que pode olhar o mundo e ser mais um "otário" pelas "causas perdidas".


CREDO
Caminhando pela noite de nossa cidade
Acendendo a ESPERANÇA e apagando a escuridão
Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade
Viver derramando a juventude pelos corações
Tenha fé no nosso povo que ele resiste
Tenha fé no nosso povo que ele insiste
E acordar novo, forte, alegre, cheio de paixão
Vamos, caminhando de mãos dadas com a alma nova
Viver semeando a liberdade em cada coração
Tenha fé no nosso povo que ele acorda
Tenha fé no nosso povo que ele assusta
Caminhando e vivendo com a alma aberta
Aquecidos pelo sol que vem depois do temporal
Vamos, companheiros pelas ruas de nossa cidade
Cantar semeando um sonho que vai ter de ser real
Caminhemos pela noite com a esperança
Caminhemos pela noite com a juventude...
(Credo – Fernando Anitelli)

                                                                                  Nieve Dios

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Referências Bibliográficas: Educação formal e não formal. Ghanen, Elie & Trilla, Jaime Summer, 2008.
Educação Artisticas luxo ou necessidade?Novas buscas em educação Louis Porcher.

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