sábado, 27 de outubro de 2012

POR UMA SOCIEDADE HUMANITÁRIA

"Perseguidos sem direitos nem escolas
Como podiam registrar as suas glórias
Nossa memória foi contada por vocês
Por isso temos registrados em toda história
Uma mísera parte de nossas vitórias"
 (Natiruts- Palmares)

O curta metragem “O xadrez das Cores”¹ nos mostra uma realidade nada distante nos dias de hoje. O negro é discriminado seja para uma entrevista de emprego, ou por estar dirigindo um carro importado. Somos seres humanos, como alegar inferioridade e/ ou incapacidade pela cor? Que mundo é esse? O problema é: de histórias mal contadas pelos registros: “Mísera parte de nossas vitórias” eu diria que nenhuma vitória foi redigida, foram pessoas tratadas de nenhuma forma humanitária, pela diferença de cor. Pessoas hoje que levam essas marcas. Um dia, não representa o que eles passaram, lutaram, sofreram e morreram injustamente! Que vida é essa que levamos? Uma sociedade que estipula a quantidade de pessoas negras que vão trabalhar determinada empresa. É dizer que tudo está resolvido com uma data comemorativa ou cotas.
O que difere de um branco para um negro? A tola história de os brancos serem os heróis e os negros os vilões? Assim aprendemos na escola. E interpretamos apenas o que está nos registros, mas eu diria ao contrario, afinal quem criou toda essa comparação e inferioridade foram os brancos. Vimos que muitos dizem que não tem preconceito, mas uma atitude já pode ver a discriminação e o racismo das pessoas, quando uma pessoa negra se senta e a outra logo levanta sem motivo, ou dentro da escola/ faculdade. O preconceito está no mundo e ainda temos essa concepção de sermos os bons mocinhos?
Como podemos ver no curta metragem, a senhora reconheceu quem realmente se preocupava e queria seu bem (ao ministrar os remédios). Que em um jogo de xadrez as peças consideradas pela senhora “peão” se surpreendeu ao descobrir isso de uma “empregada negra”. Só quando a empregada dispensou o emprego que a senhora conseguiu enxergar que a empregada é um ser assim como ela muito melhor que ela mesma!
O curta metragem nos mostra o quão PESSOA é a empregada negra, quanto aquela senhora. Uma pessoa que se preocupava e cuidava dela apesar de todas as ofensas e racismo. De surpreender no jogo de xadrez que a peça considerada “peão” pela senhora, podia crescer e virar uma rainha no final do tabuleiro. Inesperadamente conhecendo essa façanha do jogo pela sua “empregada negra”. Apesar de todos os dizeres da senhora,  a empregada demonstrava amor pelo seu trabalho e cuidado. E conseguiu mostrar que ela também é um ser humano. Quando vamos ter uma sociedade mais humanitária? Se quisermos podemos mostrar a verdadeira história que nos não aprendemos na escola.

“Crianças não nascem más
Crianças não nascem racistas
Crianças não nascem más
Aprendem o que a gente ensina...”
(Natiruts – Quem planta o preconceito)

"Maria Maria, um simples nome de mulher
Corpo negro de macios segredos, olhos vivos
Farejando a noite, braços fortes trabalhando o dia.
Memória da longa desventura da raça,
Intuição física da justiça.
Alegria, tristeza, solidariedade e solidão.
Uma pessoa que aprendeu vivendo
E nos deixou a verdadeira sabedoria:
A dos humildes, dos sofridos,
Dos que tem o coração 10
maior que o mundo.
Maria Maria nasceu num leito qualquer de madeira.
Infância incomum, pois nem bem ela andava, falava e sentia e
Já suas mãos ganhavam os primeiros calos de trabalho precoce.
Infância de roupa rasgada e remendada, de corpo limpo
e sorriso bem aberto. Infância sem brinquedos,
mas cheia de jogos aprendidos com as velhas
que lavavam roupas nas margens do Jequitinhonha.
Infância que acabou cedo, pois já aos 14 anos,
como é normal na região, ela já estava casada.
Do casamento ela se lembra pouco,
Ou não quer muito se lembrar.
Homem estranho aquele a lhe dar
Balas e doces em troca de cada filho.
Casamento que em seis anos,
seis filhos lhe concedeu.
Os filhos se amontoavam nos quatro cantos da casa.
Enquanto ela estendia a roupa na beira dos trilhos,
os seis meninos sentados brincavam na terra fofa.
Os seus olhinhos de espanto não entendiam nada.
De repente, notícia vinda dos trilhos.
Maria Maria era viúva.
Pela primeira vez a morte entrava em sua vida
E vinha em forma de alívio. E de retalho em retalho
Maria se definiu: solitária, operária e brincalhona.
Ela pode ao mesmo tempo
Ser Maria e ser exemplo de gente
Que trabalhando em todas as horas do dia,
Conserva em seu semblante
Toda pura alegria, de gente que vai sofrendo
E quanto mais sofre, mais sabe.
(Poesia Maria, Maria – Milton Nascimento)"




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¹ Curta metragem “O Xadrez das Cores” Disponível em: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=NavkKM7w-cc Acesso 27/11/2012
² Nascimento,Milton. Maria, Maria. Disponível em:



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