quarta-feira, 31 de outubro de 2012

"O MUNDO NÃO É, O MUNDO ESTÁ SENDO." (Paulo Freire)




         
 “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”
(Paulo Freire).

Humberto Gessinger (compositor e vocalista da banda Engenheiros do Hawai) nos traz nessa música, como vivemos, em um mundo como a de Dom Quixote.  O sistema que vivemos (capitalista) sua competitividade, o trabalho. Inicia-se sua música "Muito prazer meu nome é otário, peixe fora d' água",nós pedagogos, somo a poucas pessoas que acredita em um mundo modificado, um “ótario” para olhos de muitos na sociedade. Procede a música - " Um prazer cada vez mais raro, "às" de espada fora do baralho"- ou seja,  pessoas com uma leitura de mundo diferenciada. Enxergamos a problemática do mundo e temos como "amor às causas perdidas". Muitas pessoas já abriram mão, deixaram de lado, esquecendo-se de SER e ESTAR. Ter esperança e acreditar na mudança.
Os conteúdos disciplinares são necessários, mas temos que observar refletir, analisar, o que vivemos, e o que estamos vivendo. O ontem, o hoje e o amanhã. O que vamos ensinar de fato para a geração futura? Vamos ficar apenas depositante de conteúdos? Elie Ghanem em seu texto educação formal e não formal, nos relata:

“A escola continua preocupada estritamente com os chamados “conteúdos” – e indisposta a criticar e responder aos problemas que envolvem conflitos, tantos os de grande amplitude quanto os do microcosmo escolar”.

       
Temos estudado na aula de Educação formal com a docente Cristiane Gandolfi a refletir o que Elie Ghanem traz em seu texto. Temos que mudar com que a escola mais se preocupa. A relação de educação formal, informal e não formal pode ser descrita como uma dinâmica, uma ligação, com vantagens e desvantagens entre elas.
A educação formal (processo de escolarização, organizado em objetivos, baseado em conteúdos e meios dirigidos a esses objetivos.) e não formal (organizações políticas, profissionais, científicas, culturais, etc). Uma não se complementa sem a outra, porém deve ser vista pela escola, o que não ocorre, são individualizadas não tendo conexão entre si.
 A escola ela deve ser uma janela aberta para os conflitos sociais, o que ocorre na sociedade e na realidade e dos alunos em processo de escolarização.

 “A escola tem de se abrir à sociedade e para seus problemas, não se proteger no nobre objetivo dos conteúdos instrutivos.” [...] A escola não terá grande vigor nem será satisfatória se não se superar esse modelo da escola como organização especializada em outorgar saberes [...] A escola segue funcionando intensiva e maciçamente. Não cede terreno ao não formal, ao menos de forma muito notória [...]”


A educação formal, informal e não formal está presente no sujeito histórico do professor e não há possibilidade de separação. “O professor é a PESSOA, e uma PARTE IMPORTANTE da pessoa é o professor”, o mesmo com os alunos, uma parte importante (sua história de vida) dar-se já a formação de um cidadão que faz parte de uma realidade do seu convívio de uma sociedade.  A escola deve  se abrir a sociedade e refletir sobre o nosso cotidiano e se perguntar pelo futuro, permitir que o aluno construa a as própria percepção do mundo.
“Note-se que, na educação escolar, meios, atividades e mesmo objetivos tem vínculos puramente artificiais. Sistema educacional, na prática, é considerado apenas um conjunto de sistemas escolares, reduzidos a órgãos administrativos e estabelecimentos de prestação direta de educação básica publica [...] O caráter formal da educação decorre essencialmente de um conjunto de mecanismos de certificação que formaliza a seleção (e a exclusão) de pessoas diante de um mercado de profissões estabelecido [...]”

A educação não formal pode-se considerar pessoas excluídas dessa seleção que formaliza a educação formal, que muitas vezes acabam aderindo a ong’s, onde a exigência de certificações acadêmicas é menos solicitada. Qual o preparo de vida que a escola tem formado? O preparo para a vida é apenas no processo de escolarização?
O que vemos é  o impulso da urbanização. A escolarização e os diplomas ganharam maior importância, exigida pela sociedade capitalista, não nos deixando pensar, querendo nos cegar, qual será literalmente a lógica do sistema?
A escola deve deixar de ter seu eixo norteador nos conteúdos, e se preocupar em interligar os modelos de educação não havendo desencontros entre elas. Deve se diferenciar e levar para sala, fatos concretos, “realidades concretas em que vivem os sujeitos”.

“A aula é, em suma um espaço adequado para falar dos conflitos sociais, da televisão, da violência, do uso das drogas, das tribos urbanas e dos comportamentos no esporte e escolar [...] Não tratar estes problemas, não introduzir o estudo do conflito social entre os conteúdos escolares pode ser um erro.”

 Nós, professores, temos que aprender e reaprender com as crianças e/ou com os alunos do EJA, ensinar, ouvir, respeitar e refletir no conhecimento (leitura) de experiência que cada um já possui, e ampliar essas reflexões, para um futuro diferente do que vivemos hoje. Garantir a mobilidade à agilidade do aluno, ver o aluno como uma PESSOA (afetividade, suas percepções, sua expressão, seus sentidos, sua critica, etc). Educação deveria ser um campo educacional em conjunto, não só o que se costuma considerar política educacional, mas todas as políticas econômicas e sociais que tem que ver com condições de ensino e de aprendizagem. (Ghanem).
Não podemos ser cegos aos fatos e ao sistema. "O mundo está sendo" ele não precisa ser assim, ele pode mudar, e temos a chave na mão se quisermos abrir a porta de pessoas que pode olhar o mundo e ser mais um "otário" pelas "causas perdidas".


CREDO
Caminhando pela noite de nossa cidade
Acendendo a ESPERANÇA e apagando a escuridão
Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade
Viver derramando a juventude pelos corações
Tenha fé no nosso povo que ele resiste
Tenha fé no nosso povo que ele insiste
E acordar novo, forte, alegre, cheio de paixão
Vamos, caminhando de mãos dadas com a alma nova
Viver semeando a liberdade em cada coração
Tenha fé no nosso povo que ele acorda
Tenha fé no nosso povo que ele assusta
Caminhando e vivendo com a alma aberta
Aquecidos pelo sol que vem depois do temporal
Vamos, companheiros pelas ruas de nossa cidade
Cantar semeando um sonho que vai ter de ser real
Caminhemos pela noite com a esperança
Caminhemos pela noite com a juventude...
(Credo – Fernando Anitelli)

                                                                                  Nieve Dios

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Referências Bibliográficas: Educação formal e não formal. Ghanen, Elie & Trilla, Jaime Summer, 2008.
Educação Artisticas luxo ou necessidade?Novas buscas em educação Louis Porcher.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

"ESQUECEMOS O QUE SOMOS:SIMPLES DE CORAÇÃO"





            Estamos em tempos de aceleramento, bom para os corredores, amantes da velocidade, na pista. Para a vida? Se pudesse deixaria em câmera lenta, para observar,analisar. Seria mais interessante que as câmeras lentas dos lances de futebol. Ah, como seria!


            A tecnologia disparou na largada. Tantos lançamentos, tanta inovação... O homem realmente é uma maquina de transformação para sua acomodação.
           Com isso vem a despercebida e rotineira semana. O ócio que virou lazer, o tempo livre dedicado a outras pessoas. E a si mesmo? Quando é o nosso tempo? 


            Trabalho, casa, família, lavar, cozinhar, passar, estudar... É nesse momento que almejamos o controle do filme “Click”, passando pra frente a parte que se pudéssemos não fariamos. Mas há alguns anos que o controle desse filme está em nossas mãos e não percebemos. O espírito natalino que não nos surpreende mais. As luzes brilham nas ruas e apenas falamos para nós mesmos: Já é natal! O ano já acabou! Quando estamos nesse desejo natalino: Acaba. Como as crianças brincando. Naquele momento “clímax” da brincadeira, ela se acaba.

            Todo mundo sabe que os tempos de hoje são os outros, mas qual é o tempo de nós seres humanos? O homem, o ser dos saberes que vivem a vida fazendo descobertas deixando de viver a vida de si mesmo.
           Estamos andando acelerados. Crianças já não brincam de “brincadeiras de quintal”, vivem brincadeiras computadorizadas, que aquele ser de saberes inventou.
            O tempo passa e andamos se lamentando, querendo reviver velhos tempos, atitudes que fizemos e nos arrependemos, ou que não fizemos. A vontade de voltar no tempo. Quais os benefícios de tudo isso? O que temos em ganhar com isso? O sistema estipula metas, objetivos e nem temos parado pra refletir os objetivos pessoais para daqui alguns anos.
            Façamos essa vida valer mais a pena. Ver as estrelas, deitar na rede. De praticar o ócio sem a máscara do lazer. Pensar, escrever, ler por prazer! Para ver se vivemos um pouco em câmera lenta! É uma necessidade! Fico imaginando daqui alguns anos: os noticiários, nível de assassinatos elevado sendo algo “normal”(que já é). As crianças “robotizadas” pelos objetos eletrônicos. A classe dominante sempre na superioridade e a classe denominadora? Bom, prefiro nem pensar.



" A beleza da vida, depende de como enxergamos o mundo."


                                                                                                                                             Nieve Dios




"Corrida contra o relógio

eles ganham a corrida antes mesmo da largada"






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Imagem: http://www.google.com.br/imgres?um=1&hl=pt-BR&sa=N&tbo=d&biw=1024&bih=653&tbm=isch&tbnid=nGxfwER9OPO-IM:&imgrefurl=http://www.infiltradosnomundo.com.br/2012/10/o-tempo-aduba.html&docid=EaY1XpiK4PZdhM&imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoONVF5usvuBTR4BRcBx3hXA8D2u59fwH3YoHfI1iFh48LyRlVDaXmE3eDYXKtLLHB_UluJbR5K1mUXJYq2iR7f8Ib6585Wq4ehHUlbAXhmkMboBH9WFfHOgTee8Jq9pV8LsdKbOJvEw/s1600/nada-de-tempo.jpg&w=357&h=400&ei=auK2UNGjOtKx0QHS2IGAAg&zoom=1&iact=hc&vpx=288&vpy=108&dur=1349&hovh=238&hovw=212&tx=120&ty=118&sig=100587772357116409463&page=1&tbnh=146&tbnw=128&start=0&ndsp=18&ved=1t:429,r:14,s:0,i:206

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"O QUASE TUDO, QUASE SEMPRE É QUASE NADA"



 O professor, Milton Santos¹ no documentário “o mundo global visto do lado de cᔲ retrata  a globalização que criamos. Que globalização é essa? De privatizações, de prioridade de finanças da produção material. O enriquecimento dos países e a negação de comida a países vizinhos.

“Se tudo se torna capitalista, obrigatoriamente a contradição se instala. Meu gosto pela história, sobretudo pela história do presente, me levou também a valorizar todo processo contraditório [...]”
(Milton Santos - Documentário)

O lado contraditório que Santos se refere é justamente o olhar da formação da sociedade que formamos considerando a existência de três mundos em um único mundo, de um modo geral “para a grande maioria da humanidade, a globalização está se impondo como fábrica de perversidade.”  Contextualiza a fome, o desemprego e o poder da mídia. Somos seres humanizados? Vivemos em uma individualidade onde dinheiro é o nome do jogo. . “O homem deixou de ser o centro do mundo. O centro do mundo hoje é o dinheiro por causa dessa geopolítica que se instalou”.  Tudo hoje em dia é visto naturalmente: violência, o desemprego, a fome:

"A questão da fome não é questão de produção de alimentos é questão de distribuição [...] No caso do Brasil se há uma parte da população que não comem corretamente, isso é culpa unicamente da forma que como nos organizamos a sociedade. Não é que não haja alimento é que não se podem distribuir os alimentos. Apenas nós decidimos que alguns não podem comer, porque acaba de ser uma decisão. Depois de tantos anos a gente aceita tranquilamente continuar discutindo a questão da fome. Parece uma vergonha."A fome não nos surpreende. Convivemos com ela cotidianamente entorpecidos pela realidade que nos cerca."
(Milton Santos - Documentário)
       
Diante disso, vivemos  guerras entre continentes, privatizam a água e temos que “aprender a conviver com a morte pela sede.” Com uma alta influencia da mídia que “acaba controlando de maneira extremamente eficaz.” Que aquela é a única maneira de interpretar a condição de uma determinada realidade. Muitas vezes não paramos para refletir o que está de trás de tudo aquilo, são “narrações” de fatos vistos por uma pessoa, que acaba deixando como se fosse um único modo de interpretação.
Milton encerra seu documentário: “Nunca ouve humanidade agora está havendo. Estamos fazendo os ensaios do que será a humanidade. Nunca houve."
Para isso ocorrer, primeiramente se faz necessário "descolonizar é olhar o mundo com os próprios olhos, pensar no ponto de vista próprio. Uma proposta libertária para estes dias tumultuados."
Outra realidade é possível, mas não deixamos de achar que ela só possa existir, quando for uma necessidade. Temos que olhar o mundo com os outros olhos e lutar contra a correnteza. Muitos acreditam e ao mesmo tempo desacreditam. Quando iremos parar com os ensaios para sermos uma humanidade, literalmente humanitária. Caetano já cantava, “Alguma coisa está fora da ordem.Fora da nova ordem mundial”. Podemos perceber que essa alguma coisa, são pessoas, que estão fora da ordem, que nos mesmo organizamos com esse sistema, vidas que não tem um privilegio de uma condição de qualidade de vida. Onde iremos chegar com esse aceleramento capitalista, de produção? Para finalizar a globalização e o modo que vivemos, deixo uma música para refletirmos os muros e as grades que nos protegem do nosso próprio mal.

“Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
O quase tudo quase sempre é quase nada.
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí...não é por nada não.
Não, não pode ser...É claro que não é!
Um dia super
Uma noite super
Uma vida superficial
Entre cobras
Entre as sobras
Da nossa escassez
Viver assim é um absurdo!
(Humberto Gessinger – Muros e Grades)

      

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¹ Biografia de Milton Santos. Disponivel em:

² SANTOS, Milton. O mundo visto do lado de cá. Disponível em:  http://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM Acesso 29/11/2012

Imagem: http://www.google.com.br/imgres?um=1&hl=pt-BR&sa=N&tbo=d&biw=1024&bih=653&tbm=isch&tbnid=3YWu741xJJDbiM:&imgrefurl=http://vejasp.abril.com.br/atracao/encontro-com-milton-santos-ou-mundo-global-visto-do-lado-de-ca&docid=XWW7AQOuUNG0GM&imgurl=http://msalx.vejasp.abril.com.br/2012/08/22/0000/Jpu8V/milton-santos.jpeg%253F1304706720&w=570&h=334&ei=0X25UIe3GJSy0QH0iIEg&zoom=1&iact=hc&vpx=534&vpy=136&dur=3315&hovh=172&hovw=293&tx=81&ty=132&sig=100587772357116409463&page=1&tbnh=135&tbnw=226&start=0&ndsp=15&ved=1t:429,r:3,s:0,i:93

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=aULo4ilybi0

domingo, 28 de outubro de 2012

SOU "SHOW AFRO"

   
 No dia 09 de novembro de 2012 foi realizado no Salão Nobre da Universidade Metodista o Sou Show Afro, onde grupos de dança, banda de reggae e a participação especial de um aluno do curso de Teologia que cantou uma música de sua terra natal (Moçambique).
     Tiveram também sorteios de CD's, mochilas e brindes do Espaço Metô (loja de conveniência localizada no Centro de Conveniência do campus Rudge Ramos).
    Este evento nos trouxe um pouco do ritmo africano, bem como outros inspirados neste continente (como show de break dance e reggae). Com isto, podemos notar a influência africana e a beleza de suas músicas e danças tão presentes em nosso dia a dia.
Helena Pais

sábado, 27 de outubro de 2012

POR UMA SOCIEDADE HUMANITÁRIA

"Perseguidos sem direitos nem escolas
Como podiam registrar as suas glórias
Nossa memória foi contada por vocês
Por isso temos registrados em toda história
Uma mísera parte de nossas vitórias"
 (Natiruts- Palmares)

O curta metragem “O xadrez das Cores”¹ nos mostra uma realidade nada distante nos dias de hoje. O negro é discriminado seja para uma entrevista de emprego, ou por estar dirigindo um carro importado. Somos seres humanos, como alegar inferioridade e/ ou incapacidade pela cor? Que mundo é esse? O problema é: de histórias mal contadas pelos registros: “Mísera parte de nossas vitórias” eu diria que nenhuma vitória foi redigida, foram pessoas tratadas de nenhuma forma humanitária, pela diferença de cor. Pessoas hoje que levam essas marcas. Um dia, não representa o que eles passaram, lutaram, sofreram e morreram injustamente! Que vida é essa que levamos? Uma sociedade que estipula a quantidade de pessoas negras que vão trabalhar determinada empresa. É dizer que tudo está resolvido com uma data comemorativa ou cotas.
O que difere de um branco para um negro? A tola história de os brancos serem os heróis e os negros os vilões? Assim aprendemos na escola. E interpretamos apenas o que está nos registros, mas eu diria ao contrario, afinal quem criou toda essa comparação e inferioridade foram os brancos. Vimos que muitos dizem que não tem preconceito, mas uma atitude já pode ver a discriminação e o racismo das pessoas, quando uma pessoa negra se senta e a outra logo levanta sem motivo, ou dentro da escola/ faculdade. O preconceito está no mundo e ainda temos essa concepção de sermos os bons mocinhos?
Como podemos ver no curta metragem, a senhora reconheceu quem realmente se preocupava e queria seu bem (ao ministrar os remédios). Que em um jogo de xadrez as peças consideradas pela senhora “peão” se surpreendeu ao descobrir isso de uma “empregada negra”. Só quando a empregada dispensou o emprego que a senhora conseguiu enxergar que a empregada é um ser assim como ela muito melhor que ela mesma!
O curta metragem nos mostra o quão PESSOA é a empregada negra, quanto aquela senhora. Uma pessoa que se preocupava e cuidava dela apesar de todas as ofensas e racismo. De surpreender no jogo de xadrez que a peça considerada “peão” pela senhora, podia crescer e virar uma rainha no final do tabuleiro. Inesperadamente conhecendo essa façanha do jogo pela sua “empregada negra”. Apesar de todos os dizeres da senhora,  a empregada demonstrava amor pelo seu trabalho e cuidado. E conseguiu mostrar que ela também é um ser humano. Quando vamos ter uma sociedade mais humanitária? Se quisermos podemos mostrar a verdadeira história que nos não aprendemos na escola.

“Crianças não nascem más
Crianças não nascem racistas
Crianças não nascem más
Aprendem o que a gente ensina...”
(Natiruts – Quem planta o preconceito)

"Maria Maria, um simples nome de mulher
Corpo negro de macios segredos, olhos vivos
Farejando a noite, braços fortes trabalhando o dia.
Memória da longa desventura da raça,
Intuição física da justiça.
Alegria, tristeza, solidariedade e solidão.
Uma pessoa que aprendeu vivendo
E nos deixou a verdadeira sabedoria:
A dos humildes, dos sofridos,
Dos que tem o coração 10
maior que o mundo.
Maria Maria nasceu num leito qualquer de madeira.
Infância incomum, pois nem bem ela andava, falava e sentia e
Já suas mãos ganhavam os primeiros calos de trabalho precoce.
Infância de roupa rasgada e remendada, de corpo limpo
e sorriso bem aberto. Infância sem brinquedos,
mas cheia de jogos aprendidos com as velhas
que lavavam roupas nas margens do Jequitinhonha.
Infância que acabou cedo, pois já aos 14 anos,
como é normal na região, ela já estava casada.
Do casamento ela se lembra pouco,
Ou não quer muito se lembrar.
Homem estranho aquele a lhe dar
Balas e doces em troca de cada filho.
Casamento que em seis anos,
seis filhos lhe concedeu.
Os filhos se amontoavam nos quatro cantos da casa.
Enquanto ela estendia a roupa na beira dos trilhos,
os seis meninos sentados brincavam na terra fofa.
Os seus olhinhos de espanto não entendiam nada.
De repente, notícia vinda dos trilhos.
Maria Maria era viúva.
Pela primeira vez a morte entrava em sua vida
E vinha em forma de alívio. E de retalho em retalho
Maria se definiu: solitária, operária e brincalhona.
Ela pode ao mesmo tempo
Ser Maria e ser exemplo de gente
Que trabalhando em todas as horas do dia,
Conserva em seu semblante
Toda pura alegria, de gente que vai sofrendo
E quanto mais sofre, mais sabe.
(Poesia Maria, Maria – Milton Nascimento)"




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¹ Curta metragem “O Xadrez das Cores” Disponível em: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=NavkKM7w-cc Acesso 27/11/2012
² Nascimento,Milton. Maria, Maria. Disponível em:



CARTILHAS: POR QUE TANTA CRÍTICA?

 Com tantas pessoas que foram alfabetizadas pela cartilha, por que ela é tão criticada por tantos pedagogos? E o que o Construtivismo tem de diferente?
 O Construtivismo é uma corrente teórica na qual a criança, mediada pelo professor, constrói o seu conhecimento e não simplesmente decora a matéria estudada.
 Alfabetizar pelo Construtivismo é muito  mais do que juntar letras para formar sílabas, sílabas para montar palavras e palavras para formar frases sem sentido ou fundamento como as vistas em cartilhas ("A pata nada"; "O bebê é da babá" etc). É, a partir de textos e/ou histórias, debater com os alunos, fazendo-os refletir e pensar sobre o assunto.
 Analizando determinada escola juntamente à professora (cujos nomes não serão mencionados para preservar a identidade da instituição, professora e alunos), pode-se observar crianças que foram alfabetizadas por cartilhas, pelo construtivismo ou que simplesmente tem dificuldade em leitura e escrita por questoes patológicas. As crianças alfabetizadas por cartilhas apresentam extrema dificuldade em interpretar enunciados simples. Para tal, elas dependem do auxílio da professora que por sua vez está trabalhando com estes interpretação de textos. Já os que foram alfabetizados pelo Construtivismo (por estarem ainda no segundo ano) tem mais facilidade em interpretá-los. Por muitas vezes solicitam ajuda para isso, mas a professora pede que releiam o enunciado e, quando o fazem, conseguem compreender o que se pede.
 Carlos Rodrigues Brandão, um estudioso da Pedagogia Freiriana, diz "Voltemos a uma Educação centrada, não em manuais de como fazer, mas em livros, em reflexões e momentos de diálogo, mais centrados em como ser e como viver". Talvez sejam estes as cartilhas, onde as frases dão enfoque em decorar as sílabas para formar palavras. Mas há uma grande falha neste processo que é a formulação de frases coerentes. As cartilhas formulam frases com sonoridade, onde o aluno acaba decorando-as. Uma alfabetização focada nisto acaba não dando sentido ao que se escreve, logo, o aluno não consegue buscar sentido nas frases. Ele pode se alfabetizar, mas a dificuldade na interpretação de textos na séries seguintes será visível.



Helena Pais 

Quer saber mais sobre alguns projetos inspirados na Pedagogia Freiriana? Acesse: www.paulofreire.org e saiba mais sobre o Instituto Paulo Freire
 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

INDICAÇÃO


Título: O Espaço Geográfico: ensino e representação
Autoras: Rosângela Doin de Almeida e Elza Yasuko Passini
Editora: Contexto

Qual será a melhor maneira de ensinar as crianças a interpretarem mapas?
O livro “O Espaço Geográfico: ensino e representação” nos mostra que as noções básicas da geografia iniciam-se no período entre 5 a 8 anos, quando estas conseguem distinguir o que está a esquerda e o que esta a direita delas mesmas. É a partir dessa noção que a criança começa a perceber o posicionamento das coisas para em seguida distinguir norte, sul, leste e oeste.
Depois dessa fase, até os 11 anos, a criança demonstra saber o que esta a direita e a esquerda, tendo como referencia um colega ou objeto. Segundo as próprias autoras:
 "Essa questão da lateralidade deve ser considerada devidamente pelo professor ao trabalhar noções de orientação para levar à descentralização necessária ao entendimento de referenciais geográficos e não reforçar o egocentrismo ligado ao esquema corporal." (pág. 42)
Outro ponto importante são as noções de medidas, desenvolvidas a partir de partes do corpo (palmos, pés...) para em seguida, utilizar unidades de medidas (metro, quilometro, centímetro...). Isto facilitará a compreensão do aluno quando o professor começar a trabalhar escalas.
Por fim, começa o trabalho com mapas. O professor deve orientar os alunos a fazerem inicialmente a leitura de mapa, analisando o que cada aluno já sabe da mesma. Isto engloba desde a leitura do título e legenda até a diferença entre determinados tipos de mapas (regionais, relevo, clima etc). Para tal, é recomendável o uso do auxílio visual, ou seja, mapas que demonstrem as regiões, cidades, estados e países.
Concluindo, nota-se que a leitura de mapa vai além de decorar os estados brasileiros ou observação do mapa mundial. Ela é todo um processo onde é trabalhado com o aluno a construção da leitura destes, bem como lateralidade e compreensão de escalas.

Helena Pais

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

VAMOS FALAR SOBRE MAPAS!

Tema: Cartografia

Duração: Cerca de 100 minutos

Público: Primeiro ciclo do Ensino Fundamental I

Objetivos gerais: Saber utilizar a linguagem cartográfica para obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos geográficos.

Objetivos específicos:
-Conhecer e começar a utilizar fontes de informação escritas e imagéticas utilizando, para tanto, alguns procedimentos básicos
-Reconhecer, no seu cotidiano, os referenciais espaciais de localização, orientação e distância de modo a deslocar-se com autonomia e representar os lugares onde vivem e se relacionam.

Conteúdo da aula:
-Produção de mapas ou roteiros simples considerando características da linguagem cartográfica como as relações de distância e direção e o sistema de cores e legendas;
-Leitura inicial de mapas políticos, atlas e globo terrestre

Estratégias e metodologias de aula:
1ª parte: A professora entregará às crianças folhas de sulfite e pedirá que elas desenhem um mapa do mundo (como elas acham que seja).

2ª parte: Feito isso, professora levará um mapa mundi ou globo terrestre e apresentará ele à sala comparando com os desenhos (ver qual criança mais se aproximou no desenho). A partir dele, questionará as crianças sobre como elas acham que é o nosso planeta, como elas acham que os países são divididos e analisará as hipóteses levantadas por elas.

3ª parte: Questionar os alunos sobre como eles acham que o planeta é dividido e pedir que, no desenho que haviam feito anteriormente, risquem o mapa (ou pintem) do jeito que eles acham que o mundo seja dividido. Observar as hipóteses levantadas juntamente às crianças. Em seguida, explicar os pontos cardiais. E mostrar (riscando no mapa que trouxe ou fazendo um esboço na lousa) como dividimos o mundo em Norte, Sul, Leste e Oeste.
Dica: Aqui seria interessante mostrar aos alunos uma bússola e explicar o seu funcionamento. Pode, também, levantar a questão de como os navegantes faziam para se localizar nos oceanos antes da invenção dela, depois e atualmente.

Critérios de avaliação: Ler, interpretar e representar o espaço por meio de mapas simples.

Bibliografia básica para a aula:
ALMEIDA, Rosângela D. de, PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensino e representações. 15ª edição. São Paulo: contexto. 1992.
Parâmetros Curriculares Nacionais - História e Geografia - Volume 5




Helena Pais e Nieve Dios

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O MESTRE E O APRENDIZ

 Trabalho é toda intervenção humana que modifica a área em que está. Não se pode dizer ao certo como se iniciou, mas podemos afirmar que muita coisa mudou.
 Na Idade Média, haviam as guildas onde quem fosse membro destas teriam direito a festas, proteção contra produtos estrangeiros, amparo de saúde e financeiro, estar em contato com outros artesões etc.
 É neste contexto histórico que temos os aprendizes, que são rapazes com vontade de aprender determinado ofício e buscavam um artezão para ensiná-los. Em troca deste conhecimento, eles tinham que demonstrar interesse para, depois que postos a prova, tornarem-se no futuro bons artesões.
 Os artesões, por sua vez, eram trabalhadores remunerados e que sempre aperfeiçoavam suas técnicas com o auxílio de um mestre. Ja os mestres eram especialistas em detertminados ofícios sendo estes subdivididos em duas categorias: Mestres Artesões (os que dominam as técnicas) e Mestres Artífices (o grupo gestor das Guildas).
 Analisando este contexto, podemos compará-lo com as empresas de hoje em dia nas quais possuem hierarquias. Temos este tipo de divisão até mesmo nas escolas, onde (a grosso modo) o nível mais baixo seriam os alunos, seguidos dos professores, coordenação e direção.
 As escolas particulares, por sua vez, tem, além dessas divisões, outros departamentos como RH, secretaria, Marketing, T.I. etc, que também têm sua hierarquia.
Ao elaborar projetos educacionais, avaliações de performace dentre outras tarefas, o pedagogo empresarial deve considerar essas hierarquias e pensar cuidadosamente em suas ações na empresa, visando os valores e objetivos da mesma.
Helena Pais


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Fonte da imagem: http://www.etecbrasil.unimontes.br/comercio/direito_comercial/direitocomercial-web-images/figura%201_fmt.jpeg

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

“Há tantos quadros na parede,
 Há tantas formas de se ver o mesmo quadro.
 Me encanta que tanta gente sinta (se é que sente) a mesma indiferença.”
(Humberto Gessinger)

Tenha ele (o aluno) a idade que tiver, nós devemos levar para a sala de aula a sua realidade e a sua experiência, sua bagagem de vida: com as suas criticas, sua opiniões, seu convívio social a sua forma e compreensão, de como ele ver o “quadro”. É aprender muito mais com eles do que simplesmente ensinar, principalmente quando falamos na Educação Jovens e Adultos (EJA).
A EJA trata-se de pessoas que não concluíram o Ensino Fundamental por algum motivo na faixa etária estipulada quando crianças. Trata-se de PESSOAS que abriram a porta e encorajados tomaram a decisão de aprender a ler e escrever, muito mais que isso não apenas para obter uma certificação, mas uma oportunidade de novos conhecimentos e uma leitura de mundo diferenciada. O ensino mudou e temos a oportunidade de compreensão e reflexão que eles não teriam se estivesse concluído no Ensino Fundamental regular. A construção de conhecimento vem do aluno e o professor não é mais o dominador do assunto, mas sim um mediador que irá levar o aluno a repensar conceitos do seu cotidiano e sua realidade.
"Há necessidade de escolher temas e problemas relevantes para os alunos, de modo que eles sejam seduzidos a refletir sobre os seus próprios pontos de vista, buscando enfatizar a "cultura popular, a religião, os meios de comunicação e principalmente a história de vida do indivíduo, estabelecendo a importância do sujeito histórico dentro da sociedade." 
Para isso acontecer, parte da postura e perfil do professor. Não sejamos apenas depositantes de informações instrutivas tanto na educação básica quanto na EJA. Sejamos inovadores pedagógicos levando para a sala que tenha uma aprendizagem significativa. Um exemplo disso é trabalhar com os alunos do EJA o biograficzine. Neste semestre no curso tivemos a oportunidade de vivenciar, montamos o nosso fanzine, retomando as nossas vivências no decorrer escolar. Nossas vitórias, medos, angústias, saindo da forma acadêmica e criando a nossa "identidade".
  Poderá ser algo precioso para as pessoas do EJA, retomar as suas memórias de tudo que passou para estar em uma sala de aula novamente, ou as dificuldades que tiveram e não conseguiram terminar o ensino regular, porém vitoriosas de retomar aos estudos e ver o mundo com olhar próprio.





                                                   


Nieve Dios
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Referêcia Bibliográfica: http://educador.brasilescola.com/politica-educacional/a-construcao-uma-educacao-basica.htm

domingo, 14 de outubro de 2012

PARA QUE ESTAGIAR?

 Quando entramos em uma faculdade de licenciatura, visualisamos muitas vezes um aluno idealizado, onde ele tem a vontade em aprender e só necessita que alguém dê aquele "empurrãozinho". Mas não é o que ocorre nas salas de aula.
 Sabemos disso ao encontrarmos um professor e fazer uma simples pergunta: "Como vai o trabalho?". Uns respirarão fundos, outros irão desabafar e tem aqueles que darão uma risada sarcástica. Isso não significa que devemos achar que somos melhores ou que seremos. 
 Paulo Freire em seu livro "Pedagogia da Autonomia" diz que "Outro saber fundamental à experiência educativa é o que se diz respeito à sua natureza. Como professor preciso me mover com clareza na minha prática. Preciso conhecer as diferentes dimensões que caracterizam a essência da prática, o que me pode tornar mais seguro no meu próprio desempenho." Ou seja, aprender com aquilo que vemos e vivenciamos para construir assim nossas proprias filosofias, conceitos e conhecimento.


Helena Pais


Fonte: http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf/pedagogia_da_autonomia_-_paulofreire.pdf

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

PERFIL PROFISSIONAL

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=c1WuR-pBuiw
   
  Quem nunca assistiu ao seriado Chaves? A sala de aula era um dos cenários mais vistos (além da vila). Neste episódio, o Seu Madruga nos dá uma boa visão de um professor tradicional, onde as crianças não respeitam: m medo. 
  Na segunda parte do vídeo, ele começa, de maneira dramática, a abordar o tema "Perigos", desenhando uma caveira na lousa. Neste ponto deixamos claro que não é nenhum sinal satânico, mas sim, aquela caveira que encontramos principalmente em avisos de lugares com fios de alta tensão. Ele começa a dramatizar e os alunos prestam atenção. Chocados? Talvez. Mas esta é provavelmente uma aula que nunca esquecerão.
  E o que tem de bom nisto? O professor começa a buscar uma maneira alternativa para explicar a matéria, de maneira que chame a atenção dos alunos.
  Os professores pedagogos devem, principalmente, ter domínio nas áreas das séries iniciais e E.I. (polivalente), refletir constantemente sobre sua prática e dialogar com famílias e comunidade.
  Um bom professor é aquele que consegue fazer com que o aluno, além de aprender a matéria, torne-se um cidadão crítico e pensante para que no futuro ele possa lutar por seus direitos.
Helena Pais