domingo, 4 de novembro de 2012

"EU NÃO ESCREVO EM PORTUGUÊS. ESCREVO EU MESMO." Fernando Pessoa


"Como não sabe falar direito Jô? Você é uma poetiza de natureza. Você reinventa as palavras, pois é, coisas que os poetas deveriam fazer...”

“A questão é que mais da metade do país, não conseguem terminar o Ensino Fundamental e essas pessoas são discriminadas porque não falam o portugues coloquial corretamente. O que importa é se você vive aquilo que você fala.”
Fernando Anitelli (cantor e compositor da banda O teatro mágico) inicia-se sua música Zaluzejo (azulejo) com essas afirmações, mas o que é discriminação?

Discriminação = vtd 1 Discernir: Discriminar as causas de uma situação. 2 Diferençar, distinguir: Já os olhos mal discriminavam os caracteres. 3 Separar: Discriminar argumentos, razões. Discriminava bem umas das outras razões. 4 Classificar especificando; especificar. 5 Tratar de modo preferencial, geralmente com prejuízo para uma das partes.
Isso acontece porque uma "sociedade, com todas as suas deformações e virtudes, estabelece a visão de um cidadão ideal". Quem determinou o certo e o errado? E o português coloquial é o correto? Se for o correto, será que também serão discriminadas as pessoas que não escrevem a nova ortografia da nossa Língua Portuguesa?
Nossa língua não só sofre discriminação nesse aspecto, mais também pessoas que residem nas nossas regiões brasileiras, principalmente pessoas do Nordeste Brasileiro, pela pronúncia de palavras com sotaque. Anitelli, compõe sua música propositalmente com superstições e pronúncias de diversas palavras erradas “Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho,graxite, vrido, zaluzejo. (Psicólogo,tábua, cera liquida, sulfite, grafite, vidro, azulejo). No decorrer da música também há afirmações de tradições no nosso cotidiano. “No salão de noite, tem coisa que num sei, mulher com mulher e lesbá e homem com homem é gay, mas dizem que quem beija os dois é bixessional, só não pode falar nada, quando é baile de carnaval”, por que não falamos nada, devemos refletir porque a aceitação na sociedade no carnaval o famoso “vale nigth” e no dias não festivos é escândalos perante a sociedade. “Na novelas das oito Torre de Babel, menina que não é virgem eu vejo casar de véu.” Isso é certo ou é errado? Finalizando a música o compositor, afirma que: “Errado é aquele que fala correto e não vive o que diz”. Esquecemos que tal pessoa que não pronuncia as palavras corretamente é uma um ser histórico, que tem muito mais experiência de vida que eu  e muitos formandos que concluíram o Ensino Superior e continuam redigindo ou falando errado. Não devemos esquecer que o nosso HD (a vida), “apague as nossas memórias, os nossos textos da madrugadas (dos dias, das tardes), tudo que cada um de nós já salvamos, já passou e o tanto que vamos salvar”, salvar de experiências e aprendizados.
Nós devemos aprender a conhecer a si mesmo antes de falar de algo, lembrar-se da nossa caminhada até a universidade e olhar e imaginar, o porquê você encara aquela pessoa como um ser “ignorante”. Dar-se inicio de compreender e se instruir. Esse começo depende apenas de uma pessoa. Por nós mesmos. No término da música gravado no álbum " Entrada para Raros", Jó termina falando: " E eu sou uma pessoa muito divertida...eles não inventam nada...eu gostava de inventar as coisa...não sei falar direito..inventar uma piada, inventar uma palavra, inventar uma brincadeira...não sei fala"
Não devemos nos esquecer que não o conhecemos e todos nós não passamos apenas de seres humanos em uma sociedade que busca nos vender, nos prender. Querendo nos comprar, querendo nos sedar e cegar.Não querem deixanos nos pensarmos.
“Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas,
E estar entre vírgulas pode ser aposto,
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração,
Sua pressa, e sua verdade, sua fé,
Que a regência da paz sirva a todos nós.
Cegos ou não,
Que enxerguemos o fato.
Separados ou adjuntos, nominais ou não,
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial.
Sejamos também o anúncio da contra-capa,
Pois ser a capa e ser contra a capa
É a beleza da contradição [...]”
(Sintaxe à vontade - Fernando Anitelli) 
 
                                                                                  (Nieve Dios)
   
 


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(Referência Bibliográfica: Como amar uma criança. Janusz Korczak.
                                  A criança e o artista. Paulo Tarso Cheida Sans)

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